Dos 18,4 milhões de percursos diários realizados na região Metropolitana de Santiago, Chile, mais de um terço corresponde a caminhadas, segundo a última pesquisa origem-destino feita pelo Ministério dos Transportes e Telecomunicações do país.
Apesar da cifra ser alta, isso não garante que as ruas apresentem as qualidades necessárias para que sejam transitáveis, um atributo que a geógrafa e especialista em desenvolvimento urbano do The City Fix, Lara Caccia, define como "a forma segura, conveniente e eficiente que é caminhar em um ambiente urbano."
Para saber como tornar as ruas das cidades latino-americanas mais transitáveis, podemos tomar como inspiração o que está sendo feito em cinco cidades europeias que estão levando adiante a prioridade dos pedestres no ambiente urbano.
Amsterdã, Países Baixos
O reconhecimento de Amsterdã como uma das principais capitais mundiais do ciclismo não é gratuito.
Por um lado, as autoridades incentivaram diversas medidas que facilitam o uso da bicicleta, como a construção de infraestrutura cicloviária, a redução dos limites de velocidade para automóveis e a inserção da educação viária nas escolas. Por outro lado, desde os anos 1970, os cidadãos optam pela bicicleta como principal meio de transporte urbano, fazendo com que o número de veículos de duas rodas atinja a cifra de 880 mil unidades, segundo a página oficial da cidade, I amsterdam
As medidas com foco nos ciclistas também beneficiam diretamente os pedestres. Com efeito, os novos espaços públicos que estão sendo construídos na cidade cumprem os requisitos de limite de velocidade e ciclovias segregadas das calçadas.
Copenhague, Dinamarca
Já nos anos 1960, Copenhague era pioneira em oferecer aos pedestres mais espaços públicos através da criação das primeiras zonas peatonais exclusivas. Posteriormente, essa estratégia possibilitou a conexão dessas áreas através de redes de ciclovias e transporte coletivo.
A transformação da capital através de iniciativas para melhorar a mobilidade e os espaços públicos é atribuída por Caccia ao urbanista Jan Gehl, que defendeu o aumento da infraestrutura peatonal e o protagonismo do transporte público.
Hamburgo, Alemanha
Em 2011 a segunda maior cidade alemã foi nomeada Capital Verde Europeia e desde então tem desenvolvido várias iniciativas inclusivas para ser mais sustentável. Até o momento, seu plano mais ambicioso é o Green Network, que pretende conectar todas as áreas verdes da cidade através de caminhos peatonais e ciclovias até 2020.
Outro plano da cidade é a construção de um parque de 3,5 quilômetros de extensão sobre a rodovia A7 que pretende reconectar os bairros em torno da via que permaneceram separados durante 30 anos.
Helsinki, Finlândia
Implementar um sistema de transporte público intermodal que inclua modos on demand e formas mais seguras e fáceis de pagamento é uma das estratégias de Helsinki para que até 2025 os habitantes não tenham mais razões para possuir um automóvel. Paralelamente, algumas regiões da cidade estão sendo adensadas para que as pessoas não tenham mais que percorres grandes distâncias em seus deslocamentos diários.
Zurique, Suíça
Em 1996 a cidade aprovou um compromisso histórico, um documento que estabelecia que todos os novos estacionamentos deveriam ser subterrâneos. Desse modo, os espaços na superfície seriam destinados a novas áreas peatonais e parques. Além disso, a cidade incentivou a intermodalidade entre seus meios de transporte; o resultado é que, hoje, 34% de todos os deslocamentos na cidade acontecem a pé e de bicicleta.
Via Plataforma Urbana.